Isso mesmo, amanhã completaremos 3 meses que saímos de Montréal e nos mudamos para a cidade do Québec, que para quem não sabe, é a capital da província de mesmo nome, Québec.
Québec é a capital, mas para os padrões brasileiros ainda é uma cidade pequena, com cerca de 470 Km² e sua população na casa dos 500.000 habitantes, tem uma densidade de quase uma pessoa por Km². Se somarmos as cidades vizinhas, teremos uma população na área metropolitana de Québec chegando a 715.500 pelo senso de 2006. Aqui, no padrão deles já é uma cidade média-grande. Não achei informações mais atuais, mas não deve estar muito longe disto, se alguém tiver novos dados, por favor me mande o link.
A nossa impressão daqui, é de uma cidade pequena sim, mas bem aconchegante, muito segura, muito bonita, bem turística, mas as coisas demoram a acontecer, principalmente para quem veio da velocidade de São Paulo. Mas tem alguns problemas sim, aqui não tem um sistema de transporte público eficiente, ok, tem ônibus, mas se você mora de um lado da cidade e quer ir trabalhar do outro lado, com os ônibus você gastará quase duas horas pra fazer isso, mesmo pegando as linhas expressas, coisa que de carro você faz em menos de meia hora. Outro problema de infra-estrutura que vimos aqui, e que existe em Montréal também, são as pontes que entram e saem da cidade, Montréal por ser uma ilha, e aqui por ser a beira rio, existe muita gente que trabalha ou mora do outro lado do rio, e nos horários de pico, cria-se um verdadeiro congestionamento por causa que afunila todo mundo na ponte, que nos faz lembrar muito nossa cidade brasileira. E nós que não precisamos pegar a ponte, acabamos prejudicados pelo transito também. O bom aqui, é que o congestionamento é só nos horários de pico mesmo, uma hora mais tarde já está tudo livre e flui perfeitamente, não é como SP que até a meia noite ainda tem engarrafamento na Marginal !!! Há alguns projetos em votação para melhorar isso, entre eles um trem de superfície que formará um U saindo de Lévis, passando o rio, passando, cortando Québec, passando o rio novamente e terminando em St. Romuald, e com isso, espera-se diminuir muito a quantidade de carros cruzando a ponte no vai-vem do trabalho. Vamos ver se esse projeto sai do papel !
Um outro ponto de déficit, mas isso acho que é no Canadá todo, são as creches, é praticamente impossível encontrar uma creche subsidiada pelo governo com vagas abertas. Pra falar a verdade, está difícil até de arrumar vagas em creches particulares, e isso tem sido um problema muito grave para nós, que não queremos deixar nossa pequena numa dessas que eles dizem “em meio familiar”, que na verdade é uma familia normalmente de imigrantes também, que a esposa fica em casa e cuida de até 6 crianças, mas estas não tem um programa educativo nem nada do gênero, as crianças ficam só brincando, assistindo TV ou dormindo. Nos buscamos um lugar com cara de escolinha mesmo, onde ela possa evoluir, aprender mesmo que seja só o se comunicar em francês, mas está difícil isso, e se ela não estiver na creche, a Susana fica impedida de trabalhar, estudar ou qualquer outra coisa, pois fica presa em casa, o que é muito ruim pra nós…
Bom, agora que conhecem Québec, vamos falar de outras coisas…
Muitos perguntam ainda o motivo que nos levou a sair de Montréal e vir pra cá, bom, é bem complexo ou simples isso, e não quero influenciar a ninguém a seguir os meus passos, alias, esse foi o motivo que me levou a parar o blog por esses três últimos meses, não queria ninguém me seguindo, mesmo porque eu não sabia para onde estava indo… Mas o motivo pelo qual trocamos de cidade começou com nosso contrato de aluguel, assim que chegamos, pegamos um contrato de 3 meses que um amigo nos passou, ótimo apartamento, preço muito bom, bem localizado, perfeito para nós !!! Nós não sabíamos ao certo onde moraríamos após esses 3 meses, estávamos conhecendo a cidade ainda, e quando decidimos que poderíamos ficar lá por mais 1 ano, já era tarde demais, o apartamento já estava alugado para outra pessoa, só nos restou procurar outro apartamento, rodamos muito a cidade, muito mesmo, e não encontramos nada no mesmo padrão e preço, somente fora da ilha, mas ai tinha o problema da ponte, transito, etc… Não tínhamos saído de SP para enfrentar os mesmos problemas de novo, não ia pegar 1 hora de congestionamento na ponte pra ir pro trabalho. Paralelamente a este problema, não estava sendo tão fácil assim conseguir emprego quanto eu tinha em mente, as poucas entrevistas que fiz não deram frutos, sempre esbarrava no idioma que eu não dominava, e tinha que dominar os dois. E nossos amigos aqui de Québec estavam nos chamando, dizendo que aqui as coisas seriam mais fáceis. Nosso tempo de decisão estava se esgotando, não podíamos mais esperar pra nos decidir o que fazer, em um mês tínhamos que sair do apartamento, foi quando conseguimos um apartamento para alugar aqui em Québec, no mesmo prédio de nossos amigos, pronto, não dava mais pra pensar nem voltar atrás, novo contrato assinado, mudança planejada, tudo reservado, caminhão, etc etc etc… Foi isso que nos levou a mudar de Montréal pra cá, e por isso que não queria ninguém me seguindo, não foi algo totalmente “pensado”, simplesmente aconteceu assim… Hoje, olhando pra trás vejo que se eu tivesse ficado em Montréal, teria conseguido sim emprego e já estaria trabalhando, hoje vejo que não cheguei aqui na melhor época para conseguir emprego como havia imaginando quando ainda estava no Brasil, o boom das contratações acontece mesmo agora, entre Agosto e Setembro, e não, acho que a melhor época pra chegar seria em Junho/Julho, daria tempo de ver toda a documentação, procurar uma casa, e depois trabalhar, mas ai, vem outro problema, a época boa pra conseguir um bom imóvel é em Março/Abril, que sinuca hein ???
Voltando ao resumo, chegando aqui, passamos 1 mês em um apartamento temporário até podermos nos mudarmos para o apartamento definitivo no dia primeiro de Agosto, estamos morando em um apartamento um pouco menor do que tínhamos em Montréal, sentimos falta de espaço, mas tem suas vantagens, ficou mais organizado e mais fácil de limpar, mas ano que vem, queremos um dois quartos novamente. Nesse primeiro mês, transferimos todos nossos documentos para cá, pedimos a transferência da francisação para cá, assistimos todas as palestras do departamento de imigração, e aproveitamos muuuuuuuuito o festival de verão que rolou por aqui.
Agosto foi um mês crítico, nossas reservas financeiras acabaram, esperávamos o curso de francês que não chegou, e comecei a trabalhar na cozinha de um restaurante aos finais de semana pra começar a tentar equilibrar o dinheiro que saia com um pouco que entrava. Passamos um mês bem complicado, a bolsa e o curso de francês não saíram e as contas ainda estavam no negativo. Ai vem fulano e diz: Mas vocês não se planejaram, não previram o quanto iam gastar de dinheiro ?? Bom, é claro que me planejei, mas é complicado, não tinha planejado mudar de cidade, nem comprar um carro, mas foram necessidades que apareceram e fomos colocando o pescoço na forca sem perceber, na esperança de sermos logo chamados para o curso de francês e um pouco de dinheiro começar a entrar…
Em Setembro comecei a ir todos os dias para o restaurante, afinal não recebemos nenhuma boa notícia do governo no que diz respeito ao curso de francês, e dessa forma consegui respirar melhor e começar a acertar nossas contas. Outra boa notícia mas nem tanto assim, é que fui chamado para trabalhar na minha área para a prefeitura da cidade, fui aprovado num processo seletivo que começou em Junho, e o resultado saiu agora, em Setembro, mas não vou trabalhar como analista como eu queria, e sim num estágio em analise de sistemas, o salário não é muito bom, mas é um começo, é minha primeira experiência na área e tenho certeza que isso me abrirá muitas portas no futuro.
Agora em Outubro, começo o meu estágio, e a Susana fará um curso de francês gratuito, mas sem bolsa, pois a do governo ainda não chegou. Estamos conversando e provavelmente ela fará durante o inverno um curso de francês na faculdade de letras da universidade Laval, que fica aqui perto de casa, o bom, é que com esse curso podemos pedir uma bolsa que pode chegar a oitocentos dolares por mês, e dessa forma podemos unir o útil ao agradável.